Vamos refletir juntas/os/es?
O Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, possui 54% de sua população composta por pessoas negras, ou seja, este grupo populacional representa a maioria da sociedade brasileira. Sendo assim, por que só em novembro que se intensificam os diálogos sobre a importância da população negra e sua colaboração para sociedade?!
Não nos isentamos da importância do Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, pois é um grande marco de valorização da história, cultura e da memória da população negra e do enfrentamento ao conjunto das violações de direitos humanos que essa população, ainda hoje, sofre. A data faz referência ao dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Zumbi lutou contra o sistema escravista e foi um dos líderes em Palmares, Quilombo, símbolo da resistência negra que resistiu a diversos ataques de expedições portuguesas e holandesas durante todo o século XVII.
Não é de hoje que temos a consciência de que o racismo existe…
Combatê-lo é papel de todas as pessoas que buscam uma sociedade equânime e livre de discriminação, racismo e preconceitos. Neste sentido, entendemos que um dos caminhos para o fortalecimento de uma consciência racial, social e longe dessas mazelas se faz por intermédio da Educação — cabe à escola também oferecer um ambiente informativo, acolhedor e que propague uma educação antirracista nos 365 dias do ano de forma interdisciplinar. Mas qual o papel da instituição, de fato, no combate ao racismo na escola? De que forma a escola pode ser responsabilizada em relação a este tema?
Incluir a cultura afro-brasileira no currículo escolar é lei
Desde 2003, é obrigatório o ensino sobre a História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e particulares, conforme a Lei 10.639. Também ficou determinado que o calendário escolar deve incluir o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra. Desta forma, as instituições devem seguir a legislação, adequando o currículo escolar aos temas da cultura e história negra e contribuindo para a valorização da pluralidade étnica brasileira de forma transversal.
Na prática, isso significa dar visibilidade e mostrar a importância do papel dos negros e negras na construção da sociedade brasileira. A abordagem de temas neste sentido aumenta a sensação de pertencimento das crianças negras (e não negras), elevando a sua autoestima. Ao mesmo tempo, mostra às crianças brancas a diversidade cultural do nosso país e a grande relevância dos negros para a construção da nossa sociedade.
Podemos e devemos combater o racismo dentro e fora da escola
Como já mencionado, é dever da escola incluir temas sobre a cultura negra no currículo escolar e ações práticas. Mas não basta apenas falar sobre o assunto no Dia da Consciência Negra. É preciso investir nos 365 dias do ano, na busca pelas relações equânimes. Seja por meio da construção:
– de murais;
– organização de feiras étnico-raciais;
– bate-papo com personalidades negras relevantes para a comunidade onde a escola está inserida, entre outras…
Cabe aos educadores/as e toda comunidade escolar também se questionarem se estão valorizando as vivências, cultura, identidade e histórias de todas as crianças igualmente; se estão incentivando os/as alunos/as negros/as a assumirem posições de liderança e protagosnismo na sala de aula e se estão promovendo debates com as famílias para inseri-los no tema antirracista.
- Por Jenniffer Cornélio - Educativo Piraporiando