Você já reparou como tem se tornado cada vez mais comum ouvirmos e vermos questões sobre a “inclusão” em diferentes espaços? Nas matérias jornalísticas, nas propagandas e ações publicitárias, nas redes sociais, nas discussões políticas… Enfim, em inúmeros veículos e espaços. De fato, é fundamental que tenhamos esse assunto no radar das discussões em sociedade e é incrível que exista um aumento na promoção de ações que se norteiam pelo conceito da inclusão. Por outro lado, também é necessário prestar atenção na forma como o tema tem sido mobilizado, para que não se caia em discussões rasas sobre o assunto ou, pior, numa publicização sem fundamentos.
Quando falamos sobre a inclusão, não estamos falando sobre “disponibilização”, “tolerância” ou “integração”, como muitos ainda confundem. Estamos falando essencialmente sobre garantia dos acessos, acessibilização e acessibilidade, sobre espaços que estejam preparados para receber e dialogar com múltiplas características, demandas e especificidades; em suma, com a riqueza da diversidade e a maneira como esta pode se expressar. Considerar essa dinâmica é importante não apenas para entender o que diz respeito à inclusão, mas também para buscar melhores estratégias de propiciá-la, sabendo que o compromisso com o tema abarca muitas camadas.
No caso da educação, esse princípio não é — e nem pode ser — diferente. Ao refletir sobre uma educação inclusiva, refletimos necessariamente sobre a democratização da educação e a garantia de que o ensino, como um direito fundamental, seja e esteja para todos e todas. Isso significa ir além do que normalmente presenciamos, considerando que, apesar dos avanços obtidos nos últimos anos no campo educacional, ainda há muito a ser feito. Afinal, espaços disponíveis não necessariamente são espaços acessíveis.
É por isso que uma educação inclusiva se preocupa com todos os meios responsáveis pela garantia do ensino, dentro e fora de sala de aula. Ela mobiliza recursos, ações, conteúdos pedagógicos e estratégias que garantam que todos/as os/as estudantes tenham suas demandas e especificidades contempladas. Ela dialoga sobre a diversidade e sua importância, para que os/as sujeitos tenham ferramentas de reconhecimento a si e ao outro, entendendo como isso amplifica nossos olhares e potencializa nossas ações. Além disso, ela se preocupa com o bem-estar de seus interlocutores, promovendo propostas de acolhimento e escuta ativa.
É claro que existem muitos desafios para a construção de espaços e experiências educacionais que promovam a inclusão de modo generalizado, considerando principalmente as questões estruturais que tangem a sociedade. Mas, identificando a composição do panorama atual e suas principais fragilidades, é possível saber o que deve ser reivindicado. A inclusão no contexto educacional passa por toda a proposta pedagógica, didática, avaliação, pela instrumentalização de condutas institucionais, pela infraestrutura ofertada e, claro, pela proposição de políticas públicas. Aspectos como territorialidade, dados sociodemográficos, perfil de público (com o levantamento de marcadores sociais) não podem ser deixados de lado nessa construção. Por fim, é necessário sempre lembrar que esse é um caminho que se trilha conjuntamente. A educação inclusiva é, primeiro, um compromisso com a diversidade humana e a coletividade.
- Por Mainara Thaís - Educativo Piraporiando