Labor Educacional

Por que é importante criar laços com a comunidade?

Diante de todos os desafios enfrentados pelas escolas, relacionar-se positivamente com a comunidade é essencial para o desenvolvimento.

“Pois é, dona Marina. Ele só aprende o que não deve, né? Em casa ele também não tem parada. Agora, então, que tem um circo aí perto… ele não sai de lá. Até ganhou uns bons trocados; dá comida pros bichos, ajuda a montar as bancadas, aprendeu até a fazer pirueta nuns canos que tem lá perto de casa. Mas eu vou dar uma dura nele. Afinal, o estudo vem primeiro, né?”

“Bem, o João é bom aluno. É interessado, inteligente, conseguiu boas notas. Mas de vez em quando ele apronta também. Olha o que ele trouxe aqui pra classe. Estava guardando para devolver pra senhora. Eu sei que o pai dele tem uma papelaria, mas precisava deixar essas coisas na mão do menino?”

Os dois exemplos citados no Fascículo 1 da Proposta Pedagógica Labor mostram alguns dos desafios enfrentados pelos professores durante o processo de ensino. São as vivências diferentes dos alunos, capazes de modificar a dinâmica em sala de aula, que muitas vezes interferem na aprendizagem. Os professores ficam de mãos atadas – é difícil manter o controle sobre um grupo tão distinto. As crianças, por sua vez, veem na escola a possibilidade de interagir com outras da sua idade, trocar experiências e compartilhar aquilo que vivenciam em casa e na comunidade.

O entorno e a influência na escola

Qual é o entorno da sua escola? Está localizada em uma comunidade mais carente? Ou fica em um bairro com boa infraestrutura – transporte, água, luz, ruas asfaltadas? O ambiente interfere no comportamento dos alunos: metade do tempo estão em sala, mas o que acontece na outra metade?

Compreender o espaço ocupado pelas crianças durante o dia é fundamental para trabalhar a diversidade de comportamentos, aprofundar-se nos diferentes níveis de aprendizagem – e o apoio dos pais para isso é essencial. Eles podem acrescentar informações importantes sobre as experiências fora de sala de aula. Você, professor, também passa a entender como é a dinâmica familiar: os pais dedicam algum tempo para acompanhar os filhos nas atividades?

“Quando pensamos naquelas crianças que dão ou não dão certo na escola, sempre nos vem à lembrança o ambiente em que elas vivem. E já temos em mente aqueles ambientes que favorecem ou desfavorecem uma boa adaptação na escola. Há ambientes que combinam mais com o ambiente da escola: neles, a criança conversa muito com os adultos, ganha brinquedos e jogos pedagógicos, vê os pais lendo e escrevendo, tem contato com publicações. Os pais falam a mesma fala da professora e têm a mesma maneira de ser, de pensar, de viver. Então, a escola parece familiar a essa criança, ela se sente por dentro. Há ambientes menos parecidos com o ambiente da escola: neles, a criança é estimulada a descobrir as coisas por si mesma. Mas não é muito estimulada a fazer perguntas, tem pouco contato com publicações, os pais não são “instruídos” e sua fala, seus costumes, suas crenças e valores são diferentes daqueles da maioria dos professores. A criança vem para a escola com um repertório diferente”.

Proximidade com os pais

Esse é só um dos fatores que se destacam no relacionamento da escola com a comunidade. Aqui, estamos falando dos pais, e pensando em como a estrutura familiar impacta no interesse da criança pela escola. Não há outra forma para compreender esse cenário que não seja o diálogo: há quanto tempo você não convoca uma reunião de pais? Ou: como está a frequência deles nas reuniões que você organiza?

Se você tem passado por dificuldades para estreitar os laços com os responsáveis, este é um bom momento para rever a dinâmica das reuniões e eventos com participação dos pais.

Abaixo, duas linhas de pensamento simples para você inovar no relacionamento com pais e estreitar este laço tão importante para a educação protagonista.

1. Saindo da formalidade

Pense em um formato diferente para a reunião de pais. Pode ser um café da manhã, um lanche no fim do dia, preparado no espaço de refeitório da escola. Os pais terão a vivência num espaço utilizado diariamente pelos filhos, estarão mais próximos entre si e mais soltos para o diálogo. Você também pode começar a reunião com uma visita a alguma área da escola – pode ser uma área que precisa de reforma, por exemplo. Com isso, é possível iniciar um engajamento dos pais para contribuir e participar ativamente de processos de melhorias.

2. Pais protagonistas

Tradicionalmente, no período de festas juninas os pais vão à festa da escola com a expectativa de ver os filhos dançando quadrilha. E se eles formassem um grupo de quadrilha entre eles? Com ensaios regulares, maior contato com os professores e apresentação no dia da festa; o relacionamento passa para outra fase: eles passam a entender como é a dinâmica para a preparação de um simples evento, dando mais valor ao papel dos professores e à participação dos filhos em ações de socialização.

Se você precisa de ajuda para criar elementos nesta delicada relação entre pais e escola, conheça os projetos da Labor Educacional. São 27 anos trabalhando para transformar a educação no Brasil

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