Labor Educacional

5 hábitos para professores desenvolverem seu autocontrole e inteligência socioemocional

Duas palavras vieram à tona com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular): autocontrole e socioemocional. Muito se ouve, porém, pouco se conhece a fundo os significados.

Neste artigo abordarei o tema competência socioemocional. Você sabe do que se trata?

É comum termos aquela sensação de que tudo parece passar tão rapidamente que não conseguimos vivenciar as emoções como deveríamos. Vivemos em um tempo onde tudo tem pressa, somos imediatistas, as mudanças são velozes e potencializadas pela Era Digital. As palavras mais clamadas são mudar, modificar, transmutar, transformar, e tudo numa velocidade incrível. Mas como lidar com esse cenário instável?

A compreensão do comportamento humano é um desafio neste modelo contemporâneo em que estamos. As transformações não são claras, tudo se torna imprevisível e não conseguimos prever como será o mundo daqui a 10 anos. Situações como desigualdades, discriminações, preconceitos, movimentos fanáticos, terrorismos, suicídios, etc., que a humanidade tem vivenciado, deixam sequelas emocionais negativas, como o medo, a desconfiança, baixa autoestima, desmotivação e a insegurança que tendem a atingir todos nós. Infelizmente.

Um novo cenário mundial, econômico, político, social e comportamental se estabelece atualmente, e esse modelo “pós-moderno” estimula a competitividade entre as pessoas, o consumo está desenfreado devido a uma avalanche de estímulos que somos bombardeados diariamente pelos canais de comunicação, além disso, observamos a mudança na rotina das famílias onde os pais trabalham fora de casa (e muitas vezes ficam ausentes por dias da rotina dos filhos), entre outras transformações, contribuem para o desequilíbrio emocional das pessoas e dificultam o convívio social.

Desse modo, há novos sujeitos, observamos novos perfis, novos comportamentos que exigem uma análise mais profunda, promovendo novas necessidades de mudanças para uma participação mais ativa da escola na formação das crianças e dos jovens. O ambiente escolar é responsável pela sistematização de conhecimentos e pelo desenvolvimentos pessoal e social dos indivíduos, tornando-se, por isso, ainda mais importante a discussão deste assunto.

Mas, como a escola pode contribuir com o autocontrole e saúde emocional de todos? Antes de mais nada é preciso entender esses termos para então serem abordados dentro das práticas escolares.

De uma forma ou de outra, a escola tenta buscar, há décadas, caminhos para uma educação articulada à realidade da sociedade — temporal e histórica — voltada para esse novo perfil de ser humano. Assim, é fundamental que os papéis, tanto da escola, quanto do professor, sejam ampliados para uma dimensão afetiva, pautada na educação socioemocional. É importante que os alunos possam experimentar as emoções, positivas e negativas, para assim construírem juntos sujeitos pensantes capazes de administrar melhor os pensamentos, as ações, as emoções, e construir, de forma efetiva, uma sociedade melhor para todos, mais justa, igualitária, empática e humana.

As habilidades comportamentais, como por exemplo, o autocontrole, resiliência e empatia podem não ser inatas, o que significa que elas podem ser adquiridas e desenvolvidas ao longo da vida. Mas poucos têm ciência disso e de que possuem oportunidade de aprimorá-las. Além disso, representam algumas das competências individuais mais necessárias — ou melhor, indispensáveis — para a construção de uma sociedade composta por seres autoconfiantes e emocionalmente sustentáveis.

Listei abaixo alguns hábitos que podem ser incorporados em sua rotina, que farão grande diferença na vida de todos de seu convívio e que poderão ser abordados nas suas práticas pedagógicas também:

1. Desenvolver o autoconhecimento para gerir as emoções: O primordial é estabelecer relações de diálogo com todos, sempre sabendo ouvir e ter confiança. Lidamos com diferentes situações na rotina escolar e se não soubermos gerir as próprias emoções saímos do controle e isso causa uma grande desestruturação no ambiente de trabalho. Outro fator importantíssimo é aceitar críticas de toda a comunidade escolar; nesse processo é preciso aprender a escutar pontos negativos, entender e, na sequência, avaliar se a crítica recebida é realmente construtiva e necessária, e como você poderá agir para melhorar. Assim, lidamos com as sensações de modo mais apropriado.

2. Investir na autonomia e desenvolver a autoconsciência: Desenvolver a autonomia significa também fortalecer o senso de responsabilidade sobre as próprias ações, entender o seu papel no desenvolvimento humano do aluno, conhecer as próprias emoções e reconhecer um sentimento quando algo está para acontecer, assim já estar emocionalmente preparado.

3. Exercitar o autocontrole e automotivar: Todos nós enfrentamos situações que servem como “gatilhos emocionais”, isto é, acontecimentos que nos deixam felizes, tristes, nervosos, ansiosos, com vergonha ou com medo, ou seja, que nos desestabilizam e que fogem do nosso controle quando não estamos preparados. Quantas vezes já fomos pegos de surpresa dentro de uma sala de aula? Mas independente do acontecimento devemos sempre nos manter focados e motivados, essas são duas estratégias essenciais para concentrarmos a atenção, sair de situações negativas e para ativar a criatividade.

4. Praticar a empatia para entender quem são seus alunos e reconhecer a emoção de todos: Em todas as nossas atividades escolares e processos da profissão, estamos relacionados a outros indivíduos e estes são únicos, portanto, pessoas diferentes de nós. Sermos empáticos é mais do que conseguirmos nos colocar no lugar de outras pessoas em determinadas circunstâncias, desenvolver a empatia significa saber lidar com as mais distintas diferenças, percebê-las e respeitá-las de forma natural sabendo que os indivíduos pensam e agem de maneiras distintas e que, nem sempre, o comportamento do outro será condizente com o seu, principalmente quando lidamos com gerações diferentes das nossas.

5. Promover a sociabilidade e gerir relacionamentos: Conviver com círculos de sociabilidade diversos, assim como em uma sala de aula, auxilia o desenvolvimento das habilidades de comunicação e relacionamento, fundamentais para se conviver em sociedade.

Segundo Golleman (1995, p. 70), não se trata de evitarmos os sentimentos desagradáveis, para que fiquemos satisfeitos, mas de não permitir que sentimentos tempestuosos nos arrebatem, atrapalhando o nosso bem-estar.

Concluindo, a inteligência emocional contempla qualidades como a compreensão das próprias emoções, a capacidade de nos pormos no lugar de outras pessoas e a capacidade de controlarmos as emoções de forma a melhorar a nossa própria qualidade de vida (MÁRTIN E BOECH, 2002, p. 17).

E é essa a proposta quando trazemos esse assunto para a educação!

Assim, o autocontrole e a educação socioemocional são muito importantes em todos os momentos da vida, e não deve ser desenvolvida apenas nos alunos, mas também em nós, educadores, para sabermos lidar com as mais diversas situações no cotidiano escolar.

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